Município de Paredes de Coura

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“Teatro e Justiça” com Álvaro Laborinho Lúcio
3 fevereiro. Paredes de Coura “Teatro e Justiça” é o tema sobre o qual este ano se debruça o projeto Universidade Invisível, das Comédias do Minho. O módulo é desenvolvido ao longo de todo este sábado, 3 de fevereiro, em Paredes de Coura, em conversas com Álvaro Laborinho Lúcio, mas também teatro, cinema e livros. […]
publicado a 2 de Fevereiro de 2018

3 fevereiro. Paredes de Coura

"Teatro e Justiça" é o tema sobre o qual este ano se debruça o projeto Universidade Invisível, das Comédias do Minho. O módulo é desenvolvido ao longo de todo este sábado, 3 de fevereiro, em Paredes de Coura, em conversas com Álvaro Laborinho Lúcio, mas também teatro, cinema e livros.
A iniciativa que conta com o apoio do Município de Paredes de Coura contempla a conversa ‘Teatro e Justiça’ com Álvaro Laborinho Lúcio, bem como o espetáculo ‘Poemas de pé para a mão’ (Joana Providência e ACE Teatro do Bolhão), ‘Filme + Conversas de Porta Aberta’ -- a partir de uma escolha do jurista e ex-Ministro da Justiça -- e a peça de teatro ‘O senhor Ibrahim e as flores do Corão” (Miguel Seabra e Teatro Meridional). Paralelamente também decorre uma feira do livro temática em parceria com a Livraria Centésima Página.

10h00 – 12h30 Encontro / Conversa TEATRO E JUSTIÇA
«Julgar uma pessoa não passa apenas por apreciar um acto, mas também por penetrar num encadeamento de eventos inextrincáveis e imputar um deles a uma história em particular…Julgar é um distanciamento permanente, um trabalho iniciado pelo símbolo e concluído pelo discurso. Uma vez terminados os debates o juiz não fica completamente livre desse trabalho de distanciamento. O rito não é apenas uma bola de ferro presa à perna do juiz, é também um meio de este último se emancipar de si mesmo. É disso testemunha a ritualização da deliberação, ou até a própria decisão».
Transformássemo-nos nós, à maneira de Pirandello, em personagens à procura de um autor, e poucos chegaríamos a identificar em Antoine Garapon a autoria de texto que antecede, de tal maneira ele nos convida a remetê-lo para o pensamento de Bertolt Brecht e para a consideração do seu tão decantado Verfremdungseffekt, ou efeito de distanciação ou estranhamento.
E, todavia, é do primeiro que se trata.
Ele também «Gents de Justice», como diria Daumier, falando, porém, como se de Teatro fosse, e interpelando-nos, ainda ele, a pesquisar em busca do segredo que ata o Teatro e a Justiça num laço que o tempo e a História jamais lograram desatar.
Tempo, esse, para o qual nos proporemos aqui olhar de longe.
COM Álvaro Laborinho Lúcio
Magistrado de carreira, é Juiz Jubilado do Supremo Tribunal de Justiça. De 1980 a 1996, exerceu, sucessivamente, as funções de Diretor do Centro de Estudos Judiciários, Secretário de Estado da Administração Judiciária, Ministro da Justiça e Deputado à Assembleia da República. Entre 2003 e 2006, ocupou o cargo de Ministro da República para a Região Autónoma dos Açores. Com intensa atividade cívica é membro dirigente, entre outras, de associações como a APAV e a CRESCER-SER, de que é sócio fundador. Com artigos publicados e inúmeras palestras proferidas, é autor de livros como A Justiça e os Justos (1999), Palácio da Justiça (2007), Educação, Arte e Cidadania» (2008), O Julgamento – Uma Narrativa Crítica da Justiça (2012), Levante-se o Véu, este em coautoria (2011), e ainda os romances O Chamador (2014) e O Homem Que Escrevia Azulejos (2016).
10h00 – 22h30 FEIRA DO LIVRO TEMÁTICA
Numa parceria com a livraria Centésima Página, acontece uma feira do livro que dará especial atenção ao tema de cada encontro.
A literatura infantil está presente em todas as sessões.
15h00 Espetáculo POEMAS DE PÉ PARA A MÃO + CONVERSA
DIREÇÃO ARTÍSTICA Joana Providência / ACE TEATRO DO BOLHÃO
PÚBLICO-ALVO | a partir dos 6 anos
[…] Há paredes de palavras
a que chamamos textos.
Cada palavra de cada parede
toca uma outra palavra
e é por ela tocada.[…]
É mesmo assim que tudo vai acontecer: vamos viajar de palavra em palavra para descobrir a história da menina que não queria dormir nunca e da palavra que queria casar, dos cinco dedos que são filhos da mão, e da palavra que dava uma imensa alegria a um certo rapaz. Vamos saltar de poema em poema, voar entre mini histórias que nos vão desconcertar, e tudo porque as palavras nunca nos deixam de surpreender.
16h30 – Filme + Conversas de Porta Aberta
De portas abertas a todos os que queiram juntar-se, assistimos a um filme e conversamos sobre o que vimos e sobre o que pensamos sobre o tema. As únicas condições de acesso são: o gosto por ver filmes e a vontade de conversar…
21h00 Teatro O SENHOR IBRAHIM E AS FLORES DO CORÃO + CONVERSA
VERSÃO CÉNICA E ENCENAÇÃO Miguel Seabra / TEATRO MERIDIONAL
Em Paris, nos anos 60, Momo, um rapazinho judeu de onze anos, torna-se amigo do velho merceeiro árabe da rua Bleue. Mas as aparências iludem: o Senhor Ibrahim, o merceeiro, não é árabe, a rua Bleue não é azul e o rapazinho talvez não seja judeu.
Eric-Emmanuel Schmitt é um dos dramaturgos de língua francesa mais lidos e representados no Mundo. Os seus livros foram traduzidos para 43 línguas e as suas peças são representadas regularmente em mais de 50 países. Continua a escrever imparavelmente – muitas vezes ao ritmo de uma peça ou mais por ano. Em 2000 recebeu o Grande Prémio de Teatro da Academia Francesa, pelo conjunto da sua obra teatral, e em 2004 o Grande Prémio do Público, em Leipzig.
ENTRADA LIVRE

O QUE É A UNIVERSIDADE INVISÍVEL?
Aqui aprende-se através de aproximações diversas e valoriza-se o encontro individual com a arte e com o conhecimento. Também aqui nem sempre somos capazes de aferir no imediato o que aprendemos ou a importância do que aprendemos. As sementes germinam na invisibilidade.
Tomamos a imagem da colmeia. Move-nos a necessidade de reforçar o alcance do processo de polinização que, tão ou mais importante que a produção de mel (produção esta visível e quantificável), é difícil ou até impossível de medir sendo, no entanto, determinante para o equilíbrio e sobrevivência da natureza, da sobrevivência humana.
Acreditamos, pois, que a experiência da arte, e das múltiplas formas de conhecimento, age ao nível mais íntimo de cada um e, tal como no processo de polinização, em tempos e de modos imprevisíveis, mas imprescindíveis à construção, consolidação e manutenção dos valores humanos. Tal como a polinização não impede as catástrofes naturais, também a arte e o conhecimento não impedem a barbárie humana, mas sem a polinização e sem a arte e o conhecimento o mundo seria certamente um lugar pior.
Orienta-nos ainda a afirmação do escultor Rui Chafes: “Não sei o que a arte pode mas sei o que deve. A arte deve manter as perguntas acesas.”
Muito desejamos que este seja um lugar de perguntas acesas.