Uma viagem pela arquitetura tradicional e, especificamente, no concelho de Paredes de Coura, que se estende do século XVIII até aos nossos dias, é o que nos propõe a iniciativa Rota da Arquitetura Tradicional, que tem lugar este sábado 12 de janeiro, a partir das 10h30, na Casa do Conhecimento em Paredes de Coura.
Promovida pela CIM Alto Minho em parceria com o Município de Paredes de Coura no âmbito do projeto “Alto Minho 4D - Viagem no Tempo”, a conferência “Da arquitetura tradicional” terá como ponto de partida as comunicações dos conferencistas Álvaro Domingues, Fernando Barros, Paulo Guerreiro e António Menéres.
O espaço rural e a chamada ‘arquitetura vernácula’, para além de serem uma fonte inesgotável do saber interpretar e usar a paisagem, usufruir dos recursos naturais, manipular e dominar os materiais disponíveis, são campos de trabalho onde as questões e desafios mais tem apaixonado a academia, desde a arquitetura à geografia, passando pela sociologia e antropologia.
Numa sociedade em profunda transformação, como se relacionam hoje as comunidades com o legado tradicional, a organização do espaço e da casa; como fazem da casa o grande espaço da sua afirmação social.
E, por fim, como é que a herança desta arquitetura influenciou os movimentos modernistas e uma possível ‘arquitetura nacional’, caso ela tenha existido?
No período da tarde, será efetuada uma visita guiada encenada, com partida às 15h00 da Câmara Municipal. A visita performativa é conduzida pela parceria Teatro do Noroeste – CDV e Comédias do Minho, em co-programação com a Talkie-Walkie e a Ondamarela, e conta com a participação da comunidade local.
Ainda durante o dia 12 e integrando também o programa, dezenas de sketchers percorrerão a vila de Paredes de Coura para o registo de pormenores do património deste concelho, no âmbito da ação “Sketching com História”, que conta com o apoio da Associação Urban Sketchers Portugal (UskP).
VISITA-PERFORMATIVA:
É na paisagem que vamos beber memória e grande parte da nossa identidade e dela retiramos também o prático do labor e a nossa força criativa. O estudo do território português ganhou peso a partir das primeiras incursões da Sociedade de Geografia de Lisboa, pelos finais do séc. XIX, tendo-se intensificado nos anos 40 do séc. XX, através de estudos importantes como os de Orlando Ribeiro, ou dos inquéritos à arquitetura popular idealizados por Francisco Keil do Amaral. A memória, no entanto, atraiçoa-nos, e ao alto-minhoto talvez muito mais, pois que o mundo se tornou de súbito muito pequeno, arrancando-o de um longo «tempo suspenso», na expressão de Álvaro Domingues. Sendo este tempo ainda visível, está já afastado da conceção pitoresca (explorada até à exaustão) de um Minho verdejante e lavrador e percebemos outrossim o erro, a adaptação e a vontade de uma ideia permanente (e premente) de progresso. Histórias todas estas que devem ser contadas à lareira por quem as sabe, como soía.